No mês de abril, em que é celebrada a Conscientização Sobre o Autismo, foi realizada no Centro Cultural Professor Benedito Rakowsi, em Coronel Vivida, um evento alusivo ao tema.
Nele — promovido em uma parceria entre a Associação Asas do Paraná, as secretarias municipais de Educação e Saúde de Coronel Vivida, a Associação Solidária aos Autistas do Sudoeste do Paraná (Asas do Paraná) e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) —, dezenas de docentes, famílias e população em geral, puderam ter mais acesso ao assunto.
Para isso, contou com a apresentação de alunos da APAE, bem como a explanação da psicóloga Edielke Maisa Pesseti e da fonoaudióloga Brunelli Balico Pan (ambas servidoras do Município de Chopinzinho e integrantes da Asas), que na ocasião informaram que o autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento.
"Não é uma doença, mas uma condição de saúde, que altera o funcionamento neurológico; tendo algumas características muito próprias do autista", resumiu Edielke.
Ela afirmou que cada autista é um de um jeito; tem seu modo único de ser. Mas, dentre as características mais comuns, enumera "o atraso ou déficit na linguagem, na comunicação social, na interação social. Também alguns comportamentos estereotipados, repetitivos; enquanto que alguns possuem o transtorno do comportamento sensorial, o que faz com que eles tenham sensibilidade auditiva, seletividade alimentar, dificuldade como com o toque, entre outras".
A psicóloga completou que nem todos os autistas apresentam todas estas características. "Outros, apresentam todas com muita intensidade; e, outros, algumas apenas, em menor intensidade".
Diagnóstico
Com a ampliação das informações que se têm hoje em dia, Edielke disse que é comum que o pai, ao diagnosticar o filho, também se identifique e seja autista, assim como algum outro membro adulto da família.
"Como o autismo não é uma doença, não existe remédio. Porém, muitas vezes, vem junto com o Transtorno do Déficit com Hiperatividade (TDH), ou deficiência intelectual, ou epilepsia. Com isso, a medicação acaba sendo receitada pelo médico por conta dessas outras condições".
A profissional destacou que, além disso, existem as terapias para o autismo, como a fonoaudiologia, psicopedagogia e musicoterapia — dependendo das condições do autista.
"Há, também, alguns casos que requerem tratamento com neurologista ou psiquiatra; e o tratamento parental, em que os pais também fazem parte desse tratamento, o qual é muito importante".
Evento e atendimentos
Para a psicóloga Sandra Regina Szabo, da Secretaria de Educação de Coronel Vivida, este evento foi um passo para começarmos a desenvolver projetos no município, "porque a demanda de autistas tem aumentado bastante nos últimos tempos. E, este primeiro evento, teve o objetivo de conscientizar a população sobre o autismo, tendo em vista que na internet existem muitas informações equivocadas sobre o assunto".
A profissional — que contou com a parceria para a realização do evento também das profissionais da secretaria municipal de Saúde, Talita Ribeiro (psicóloga), Aline Cavalheiro (enfermeira) e Carolina Caputo Simões Py (fonoaudióloga); além da enfermeira e vice-presidente da Asas do Paraná, Tacielly Zulpo — contou que, na Rede Municipal de Educação, há oito alunos diagnosticados com autismo.
Já na Rede Estadual são três; e que frequentam a APAE são em torno de 15. "A tendencia é que esse número aumente, pois existem mais casos suspeitos. Porém, o diagnóstico é bem criterioso, já que é feito de forma observacional; e não por testes", destacou a psicóloga.
"Quem precisar de orientação pode entrar em contato comigo, na Educação; com a Talita, na Saúde; com a própria Tacielly, vice-presidente da Asas; enfim, nós estamos abertos a prestar informações", orientou Sandra.
Sobre a Associação Asas do Paraná
Implantada há quase um ano, a Associação Solidária aos Autistas do Sudoeste do Paraná (Asas do Paraná) tem a sua sede em Chopinzinho e, como o próprio nome diz, é destinada às famílias que têm filhos com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Ela conta também com membros de Mangueirinha, Honório Serpa, Coronel Vivida, São João, Saudade do Iguaçu, Sulina e Laranjeiras do Sul. Com isso, totalizando em, aproximadamente 70 associados (entre famílias, professores, profissionais da Saúde e demais colaboradores).
Para Tacielly, vice-presidente da Asas, a ideia com a associação e encontros como este é promover a conscientização, a inclusão e a diminuição do preconceito, "mostrando para a sociedade que as nossas crianças precisam ser vistas e acolhidas por todos. É importante o acolhimento para a criança, mas também para os pais, pois, quando recebem o diagnóstico, eles também necessitam de acolhimento, atenção e mais conhecimento".
Tacielly é mãe da Nathalia, hoje com sete anos e que foi diagnosticada aos quatro anos. Ela afirmou que as suspeitas sobre o autismo começaram aos dois anos, "quando percebemos que havia atraso na fala; que ela preferia brincar sozinha; que, quando a chamávamos, não atendia".
No início, ela disse que foi difícil. Porém, "quando aceitamos, tudo se tornou mais fácil; aprendemos muito com ela. Além da importância da terapia, o papel dos pais em casa é de suma importância. É preciso entender, buscar conhecimento sobre o autismo, para poder ajudar a criança".
Assim como orientou a psicóloga Sandra, Tacielly também colocou a associação à disposição. "A união das famílias é que possibilitará termos mais força. As famílias podem nos procurar pela página da ASAS, em @asasdoparana, ou também pela página do Grupo de Apoio aos Autistas Vividenses (GAAV), em @gaavapoio, na qual auxiliamos as famílias, para que tenham o norte que precisam".