Aurilda Guares, mais conhecida como Preta, estudou até a quarta série do primário (hoje, denominado 5º ano do Ensino Fundamental). Ela precisou parar os estudos por necessidade, para ajudar a sua mãe no campo.
"Meu pai abandonou a minha mãe quando eu tinha 11 anos de idade; e a minha irmãzinha tinha seis. Então, eu ia trabalhar na roça com a minha mãe; trabalhávamos o dia inteiro, arrancando manualmente feijão. Não tinha fim de semana, não tinha férias", relembra Preta, que é uma das mulheres que faz parte da feira da agricultura familiar de Coronel Vivida, que ocorre nas quartas e sextas-feiras na praça José Auache.
Naquela época, ela morava na comunidade de Alto Mirim, interior do município de São João (PR). Há 33 anos, ela se mudou para a comunidade de Santa Terezinha, em Coronel Vivida (PR), onde trabalhava de doméstica. Casou, com Jair Guares, e continua morando na mesma comunidade.
"Por muitos anos, quando mais jovem, pensava em estudar e ter outra profissão, pois realmente a minha vida era muito sofrida quando criança. Como eu sempre gostei muito de crianças (fui inclusive babá durante um tempo), pensei até em ser professora", diz ela, que foi catequista por vários anos e atualmente é ministra da Eucaristia na comunidade.
Porém, a vida lhe apresentou outros caminhos, e ela acabou seguindo com o trabalho rural, juntamente com o seu marido. "Mesmo sem ter seguido em outra profissão, hoje me sinto muito realizada com o que faço e a vida que construímos. Foi com a agricultura, que criamos os nossos dois filhos, Wilian e Eduardo".
Atividade
Durante cerca de 30 anos, o casal trabalhava principalmente com a produção de leite, milho e soja. No ano passado, eles resolveram parar com o ramo leiteiro, mantendo parcialmente a produção de milho e soja.
"Jair é quem cuida mais da lavoura. Hoje, trabalho exclusivamente com os panificados e os pasteis, que vendemos na feira da agricultura familiar. Meu marido, inclusive, ajuda também nessa produção", conta, completando que a produção de pasteis também tem o auxílio da sua sogra, dona Elza Guares.
Como começou
Preta é uma das primeiras agricultoras a fazer parte da feira, que teve início há mais de 12 anos no município. "Comecei no grupo após a realização de três feiras. Comentei com a Serema (Machado da Silveira), responsável pela feira, que tinha interesse em participar, e estou até hoje".
Ela conta que os primeiros produtos que ela comercializou na feira foram cuca e grostoli. "Lembro que vendi R$ 80 naquele dia. Fiquei tão faceira, porque eu nunca tinha comercializado o que fabricava", relembra, acrescentando que a feira contou no início com o incentivo do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e da cooperativa Cresol.
Ela revela que o grostoli aprendeu com uma tia do seu marido. "Já a cuca aprendi a fazer sozinha. Fui inventando, sem receita; testando e experimentando. Até que cheguei na receita que faço hoje", revela a feirante, completando que compartilhou essa sua receita com a amiga Loreci de Rezende Zuck Foppa, a qual também participa da feira.
Quanto ao início da feira, Preta diz que não foi fácil. "Foi batalhado, pois precisaram ser feitos investimentos para atender às exigências da Vigilância Sanitária, que se faziam necessários. Mas hoje é gratificante ver tudo o que nós, feirantes, produzimos e conquistamos. Conseguimos o sustento, graças à feira".
Atualmente, ela produz oito tipos de bolachas, pão, dois tipos de cuca, macarrão, massa para lasanha e grostoli. "Sempre têm coisas novas. Procuro sempre inovar", afirma Preta, que juntamente com o seu marido Jair; a amiga Loreci e o marido dela, Guiomar Foppa, produzem pasteis fresquinhos, fritos na hora, todas as quartas e sextas-feiras. Ainda, Preta produz deliciosos bolos sob encomenda.
"Sou muito feliz e realizada com a feira. Somos em um grupo de irmãs. Nos damos muito bem, graças a Deus. Queremos sempre continuar caprichando, para continuar com a nossa feira, por muitos e muitos outros anos. Agradeço a todos que nos apoiam", conclui.
Agradecimento à Floricultura Flores e Cia, em Coronel Vivida, pela gentileza em disponibilizar o espaço para as fotos.
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