No final da tarde deste sábado (18), a delegada responsável pela Delegacia da Mulher em Pato Branco, Franciela Alberton, concedeu entrevista coletiva, referente à captura do indivíduo suspeito de três situações de estupro; além do homicídio de Guilherme Ambrosini, ocorrido na madrugada do último domingo (12), no bairro Fraron, em Pato Branco.
A delegada informou à imprensa que a Polícia Civil já vinha investigando dois crimes similares de estupro, ocorridos nos meses de abril e maio. "Pela forma de agir, tudo indicava que seria o mesmo autor dos crimes. A partir dos dados, que vinham sendo coletados desde o primeiro crime em abril; somados a outros coletados em maio; e ao que foi possível coletar no terceiro, identificamos o suspeito da autoria".
Com isso, na manhã de quinta-feira (16), durante o cumprimento das diligências de busca e apreensão, a delegada conta que esse indivíduo foi localizado no interior do município de Clevelândia, escondido em uma residência de beira de rio, de difícil acesso.
"Ele avistou a equipe, porque não havia como chegar até o local sem que fosse avistado, e se embrenhou na mata. Naquele momento se iniciaram as buscas. Foi acionado o helicóptero da Polícia Civil de Santa Catarina, que imediatamente deslocou-se junto com as equipes das policias Civil e Militar de Santa Catarina. E foi feito todo um cerco em volta desse local, em que ele estava, na tentativa de localizá-lo. Porém, escureceu e não conseguimos achá-lo na mata".
Na manhã seguinte, doutora Franciela afirma que as equipes retomaram em buscas. "Durante a madrugada, com informações de moradores (aos quais agradecemos), conseguimos fazer o caminho por onde ele foi passando. E, durante a tarde de ontem (17), a equipe da Delegacia da Mulher acabou por encontrá-lo, no interior de Pato Branco".
Assim que o avistaram, conforme a delegada, tentaram efetuar a prisão. Porém, ele fugiu novamente. "Nós o seguimos, e ele atirou contra a equipe. Assim, teve troca de tiros e ele se embrenhou na mata novamente. Com isso, mais uma vez acionamos reforço. A Polícia Civil de Santa Catarina imediatamente deslocou-se. Tivemos apoio também da Polícia Rodoviária Federal; Polícia Militar; enfim, de todas as forças de segurança; e conseguimos fazer um cerco na região em que ele estava".
Cão farejador
Ela conta que as equipes não sabiam se ele estava ferido, no primeiro momento, quando ele se embrenhou na mata. "Mas, durante as buscas foram localizadas as blusas que usava; e pelos vestígios delas, vimos que seria possível que ele tivesse sido ferido. Havia uma marca de disparo na blusa. E também havia sangue".
Por meio desse sangue, conforme doutora Franciela, K9 Bóris — pastor alemão do Núcleo de Operações com Cães (NOC) de São Lourenço do Oeste, da Polícia Civil de Santa Catarina — conseguiu seguir os passos e chegar até um possível paradeiro. Porém, novamente, escureceu e não conseguiram chegar até o local em que talvez o indivíduo pudesse estar.
"Mantivemos o cerco durante toda a noite. Policiais de Curitiba vieram nos auxiliar; helicópteros da Polícia Civil de Santa Catarina e do Paraná. E também recebemos ajuda da Receita Federal e do grupo de Operações Aéreas da Polícia Militar, que fizeram a análise de drone. Durante a madrugada, vasculhamos as matas da redondeza. Com um drone que capta o calor corporal, mas não foi possível localizá-lo".
Pela manhã de hoje, ela conta que foram continuadas as buscas. "Nos deslocamos para vários lugares. Não sabíamos se ele havia permanecido ainda naquela redondeza onde estava ferido. E não tinha condições de se deslocar. Ou se havia seguido para algum lugar. Então precisamos montar várias equipes, cada qual com um sentido de busca, e uma equipe ficou ali nas redondezas de onde ele havia sido visto pela última vez".
Segundo a delegada, no final da tarde de hoje, por meio do cão farejador, conseguiram achar um novo rastro do indivíduo. "Novamente ele estava embrenhado na mata. A equipe ingressou na mata e ele efetuou disparos. A equipe precisou reagir. E ele correu para o lado contrário, mas havia outra equipe, que conseguiu detê-lo. Então foi imediatamente encaminhado ao hospital, porque estava ferido pelos disparos. E está preso no ambiente hospitalar, onde está sendo atendido, passando por uma cirurgia".
Fuga
O indivíduo estava preso, condenado por crimes de homicídio, roubo e estupro. Há alguns meses, ele saiu da cadeia. E, no início de março, rompeu a tornozeleira eletrônica em Curitiba, onde estava morando.
Com isso, conforme a delegada, ele estava desaparecido de todo rastreamento, vindo para o Sudoeste. Desde então, não usava conta bancária, nada que pudesse localizá-lo.
"A forma de agir dele era invadir residências, que estavam desabitadas naquele momento, principalmente as de veraneio, de beira de rio, onde as pessoas vão com menos frequência. E lá se alimentava da comida e usava as vestimentas do local. Foi dessa forma que o encontramos na quinta-feira, quando se embrenhou na mata".
Doutora Franciela acrescenta que ele caminhou durante a madrugada toda, foi pedindo ajuda em algumas residências, para pedir água. "E essas residências foram nos dando a posição dele. Além disso, o que apuramos hoje é que nessa madrugada, enquanto as equipes realizavam buscas, ele conseguiu sair da mata e, mesmo ferido, conseguiu chegar a uma residência mais distante. Arrombou essa residência, permanecendo durante a noite, se alimentando, trocando de roupa e nessa manhã ele subtraiu objetos da residência (como mantimentos, roupas e outros objetos)".
Crimes
Para a delegada, o que se conclui do homicídio de Guilherme é que foi "totalmente circunstancial. Não era objetivo do indivíduo assassiná-lo. Ele apenas fez isso (que fica demonstrado pelo depoimento da moça que foi estuprada e estava com o rapaz morto), que ele objetiva cometer o crime assim como os demais: que era amarrar o menino e praticar o abuso contra a menina".
A delegada acrescenta: "O que ele pretendia e ele sempre fez era abordar cada casal (usando capuz e luvas), amarrando o rapaz, colocando-o no porta malas. Depois praticava atos libidinosos com as meninas, de toques (na primeira e segunda situações); enquanto que nesse terceiro crime houve conjunção carnal. Era muito violento com os casais, com agressões física e verbal, utilizando arma de fogo; e depois liberava o casal".
Ainda, conforme doutora Franciela, "Guilherme reagiu, achando que o casal seria assaltado. Como reagiu, acabou sendo morto dentro do carro. Durante meia hora, ele ameaçava a menina, que caso não ficasse quieta, também a mataria. Depois disso, a tirou do carro, e praticou o abuso sexual. Então ele demonstra uma frieza assustadora", diz, completando que no final ele ameaçava as vítimas que as mataria, caso fizessem denúncias para a polícia.
A delegada agradece "às equipes, que prestaram apoio; e à população, que foi extremamente sensível com a nossa situação. Generosa, nos levando café, comida, mantimentos, porque sabiam que estávamos buscando o bem de toda a sociedade".