Histórias reais de mulheres serão contadas no projeto 'Entre nós' em Coronel Vivida

Idealizada pela maquiadora e assistente social, Juliana Paola Bernardo, a iniciativa ocorre em uma parceria com a sua irmã, Ana Bernardo; a fotógrafa, Rayza Brito; e o Portal Vividense

Da esquerda para a direita: fotógrafa Rayza Brito; maquiadora e assistente social Juliana Paola Bernardo; nutricionista Ana Bernardo; e a jornalista Paloma Stedile (Crédito: Rayza Brito)

Da esquerda para a direita: fotógrafa Rayza Brito; maquiadora e assistente social Juliana Paola Bernardo; nutricionista Ana Bernardo; e a jornalista Paloma Stedile (Crédito: Rayza Brito)

Nove mulheres, de várias idades e profissões, que moram em Coronel Vivida e têm algo em comum: são exemplos de ressignificação das dificuldades enfrentadas ao longo de suas vidas e se estendem para auxiliar outras pessoas, criando elos, nós, que formam redes.

Elas toparam participar do projeto "Entre nós" e — a partir desta sexta-feira (10) — estarão aqui no Portal Vividense para contar as suas histórias de superação. Uma história por dia.

Idealizada pela maquiadora e assistente social, Juliana Paola Bernardo, a iniciativa surgiu há alguns meses. "Despertou quando, depois de algum tempo sem utilizar meus pinceis, fui convidada a maquiar uma colega de trabalho em Chopinzinho; e vi o quanto aquele pequeno gesto fez diferença para ela, naquele momento", diz.

Ela conta que pensou em toda a sua trajetória como maquiadora [a busca por conhecimento na área, cursos, estudos, investimentos] e em como isso é uma arma poderosa.

"Nós, mulheres, nos olhamos no espelho constantemente, e, na maioria das vezes, só focamos em nossos defeitos. A maquiagem pode fazer com que você veja quem realmente é, realçando seus traços, renovando sua autoestima. E acaba que vira um efeito dominó. Uma simples maquiagem pode ser um curativo lá na alma. E isso é muito especial", afirma.

Depois de toda essa reflexão, e atrelada à sua outra profissão [que é assistente social], onde ouve muitas histórias [e ama ouvi-las com atenção, analisá-las e trazer sempre algum aprendizado], pensou: "Eu preciso fazer isso mais vezes, e quero chamar mulheres daqui de Coronel Vivida, para contar suas histórias e mostrar suas verdades".

Mulheres

A princípio, Juliana diz que escolheu dez mulheres. Algumas são amigas dela de longa data; outras nem imaginam, mas a fizeram vivenciar experiências valiosas; e algumas conhecia um trechinho de suas vidas e se encantava por elas.

"Todas têm a resiliência em comum. Sem querer romantizar o sofrimento de ninguém, mas essas nove mulheres são exemplos de ressignificação das dificuldades. São histórias lindas! Uma delas não aceitou fazer parte, porém as demais aceitaram sem saber muito o que ia acontecer, toparam de coração aberto".

A princípio, a ideia era que Juliana sentasse com cada uma delas e batesse um papo. Como o projeto começou em plena pandemia, elas lhe enviaram os textos e/ou áudios. "Daí eu vi nascer mais um exercício de autorreflexão, autocuidado, autoestima, porque algumas tiveram tanta dificuldade em falar de si, se sentiam inseguras, e realmente eu sinto que nem elas veem o quanto são inspiradoras".

Cabelo e maquiagem

Dando andamento ao projeto, a idealizadora queria fazer uma produção nessas mulheres, com direito a cabelo, maquiagem e umas fotos bem bonitas.

"Quem não gosta, né? Eu sabia que não ia conseguir sozinha. Então logo chamei a Ana Bernardo, minha irmã [hoje nutricionista], mas que por muito tempo foi minha dupla infalível; atendíamos juntas: eu com maquiagem, e ela com cabelo. Ela topou na hora. E a fotografia, eu admiro tanta gente aqui na nossa cidade, que trabalha com fotos, mas eu queria uma mulher, que tivesse ideias parecidas com a minha, e que tivesse uma sensibilidade no olhar para essas fotos. Então chamei a Rayza Brito, que prontamente aceitou e se disponibilizou a fazer o serviço voluntariamente. Eu fiquei tão feliz em ver as pessoas abraçando a ideia, é uma injeção de ânimo na vida da gente. E então uma das mulheres, que irá fazer parte do projeto, me deu a ideia de chamar algum veículo de notícias aqui da cidade; e logo pensei na equipe do Portal Vividense, que também abraçou o projeto e aceitou ser parceiro", revela.

A profissional destaca que não tem interesse nenhum em receber algo em troca disso. "Só queria emocionar, ouvir, transformar. Fazer com quem for acompanhar reflita sobre a história de cada uma delas, e também sobre a sua, sobre a história das pessoas que estão próximas de você. Que seja um passo para que muitas outras mulheres passem a se olhar com mais carinho e respeitar e honrar suas marcas e cicatrizes, tanto na pele quanto na alma".

Juliana completa dizendo que os leitores podem esperar de primeira se emocionar. "A gente é tão atingido diariamente por notícias ruins, e ler coisas que nos acalentam a alma é tão necessário... Também podem esperar muita reflexão. Tenho certeza que muitas pessoas irão se identificar com alguma fala. Ainda espero reconhecimento por essas mulheres que aceitaram esse desafio, contaram suas histórias e merecem ser homenageadas na nossa comunidade".

Parte das mulheres que estão no projeto; algumas não puderam participar da foto coletiva (Crédito: Rayza Brito)