Dentro da campanha "Setembro amarelo", a psicóloga Thais Chaves, profissional do Instituto Federal do Paraná (IFPR) - Campus Coronel Vivida, desenvolveu material de orientação sobre essa iniciativa, que busca a conscientização e a prevenção ao suicídio, a partir de ações coletivas de caráter informativo.
Ela explica no conteúdo [disponível na íntegra na página do IFPR no Facebook], que o Brasil — segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) — é o quarto país da América Latina com mais mortes por suicídio. E as estatísticas apontam progressivo crescimento dos números nas últimas décadas.
"Além de ter grande impacto social, o suicídio é também um problema de saúde pública. O tema foi, por muito tempo, considerado um tabu. Todavia, criar espaços de diálogos sobre sofrimento psíquico é uma das formas mais eficazes de romper preconceitos e oferecer auxílio", orienta.
Fatores de risco
De acordo com a profissional, dentro dos fatores de risco [ou condições multifatoriais que podem predispor ao ato] estão os transtornos mentais; questões psicosocioambientais; questões psicológicas e emocionais; e questões de saúde.
Dentro dos transtornos mentais, integram os transtornos de humor; de personalidade; de ansiedade; esquizofrenia; bem como transtornos mentais e comportamentais, decorrentes do uso de substâncias psicoativas.
Quanto às questões psicosocioambientais, ela explica que são as seguintes: situações de pobreza; desempregados; aposentados; faixa etária entre 15 e 29 anos; isolamento social; alcoolismo; e histórico familiar de suicídio.
Referente às questões psicológicas e emocionais, ela aponta os seguintes fatores: luto; ausência de figuras de apoio; problemas familiares; impulsividade, agressividade e irritabilidade; datas festivas; comportamentos retraídos; tentativa de suicídio anterior; conflitos relacionados à sexualidade; histórico de abuso; baixa resiliência; falas e comportamentos de desamor, desamparo e desesperança.
E em relação às questões de saúde, ela apresenta doenças incapacitantes; dores crônicas; lesões permanentes; e tratamentos paliativos.
Mitos sobre suicídio
De acordo com a profissional, existem muitos estigmas e mitos sobre o suicídio, que dificultam ou impedem uma abordagem adequada aos casos, ou seja, que esse é um ato impulsivo; que pessoas com tentativas anteriores têm chances diminuídas de reincidir; suicídio é hereditário; quem ameaça, não faz; a pessoa está tentando chamar a atenção; só comete suicídio quem tem problemas mentais; e falar sobre suicídio aumenta o risco.
Medidas de prevenção
Como medidas de prevenção, Thais orienta que seja impedido "o acesso a meios de cometer o suicídio. Por exemplo: esconder objetos cortantes e medicamentos. Não deixar a pessoa sozinha; cuidar da medicação prescrita para seu tratamento; acompanhar e garantir o tratamento junto aos serviços de saúde".
Quanto ao que não se deve fazer, a psicóloga afirma que não se deve ignorar os indícios; desafiar a pessoa a cometer suicídio; menosprezar seus sentimentos e emoções; ridicularizar o motivo do sofrimento; não entrar em contato com meios de ajuda e nem comunicar as pessoas de convívio sobre o risco; também não deve haver comparações.
O IFPR - Campus Coronel Vivida lembra que a instituição conta com serviço de psicologia e apoia campanhas que tenham como finalidade a valorização da vida.