Operação Mata Atlântica em Pé revela quase 154 hectares desmatados no Sudoeste

Palmas, Coronel Domingos Soares e Clevelândia são os maiores remanescentes de mata nativa da região e também os com maior atividade madeireira (Crédito: MPPR)

Palmas, Coronel Domingos Soares e Clevelândia são os maiores remanescentes de mata nativa da região e também os com maior atividade madeireira (Crédito: MPPR)

A Operação Mata Atlântica em Pé, realizada no fim de setembro deste ano em todo o Brasil, fiscalizou 42 áreas nativas no Paraná, mostrando a existência de 1.361,91 hectares de áreas desmatadas no estado. Em relação a 2019, houve um acréscimo de 155% nos polígonos analisados, comprovando o desmatamento em uma área 98% maior do que o ano anterior.

Conforme nota do Ministério Público (MP), os estados do Paraná e Minas Gerais foram os que mais desmataram no Brasil.

No Estado, participaram da ação a Polícia Ambiental do Paraná – Força Verde, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Instituto Água e Terra (IAT) e o Ministério Público do Paraná (MPPR).

Sudoeste

Na região Sudoeste, municípios de Chopinzinho, Coronel Domingos Soares, Mangueirinha e Palmas passaram pela operação devido à quantidade de área desflorestada.

De acordo com dados da 5ª Companhia da Polícia Ambiental do Paraná – Força Verde, responsável pela vigilância nas regiões Oeste e Sudoeste do estado, nas áreas de Chopinzinho, Mangueirinha e Coronel Domingos Soares foram desmatados o total de 153,39 hectares de terra — o equivalente à 214 campos de futebol.

Conforme o órgão de fiscalização, mais de 52% do total apurado como desmate foi apontado somente em terras da Reserva Indígena Mangueirinha, que abrange os municípios de Chopinzinho [com 60,24 ha de desmate constados], Coronel Vivida e Mangueirinha [com 20,32 ha desflorestados].

Os outros 48% de desmatamento na região foram apontados em Coronel Domingos Soares. Conforme a Força Verde, foram registrados 72,83 ha de terras desmatadas na localidade.

Outras operações

O Município de Palmas, presente na lista de áreas fiscalizadas do MPPR, não foi citado no relatório da Força Verde. Conforme o capitão Marcos Cesar Paluch, integrante da Força Verde, o Município não consta no relatório porque, por se tratar de uma operação em conjunto com outros órgãos, pode ter sido fiscalizado tento pelo Ibama quanto pelo IAT.

"Ou, a segunda possibilidade, é que a fiscalização tenha sido feita e não terminou porque tem uns quatro ou cinco alvos que têm o valor de multa, mas não têm o nome do infrator correto ou o proprietário não foi localizado. Com isso, pode demorar mais tempo o término do relatório", explicou.

Autuações

Até o momento, somente Coronel Domingos Soares foi autuado pelas queimadas. Conforme relatório emitido pela Força Verde, no Município foram aplicados R$ 793.500 em multas, tendo sido distribuídos de acordo com a quantidade de área queimada.

Ainda, de acordo com o informe da fiscalização ambiental, nenhuma das quatro áreas desmatadas na Reserva Indígena Mangueirinha foram autuadas, tendo apenas sido encaminhado os processos para o Ministério Público Federal (MPF).

Em todo o Paraná, a montante das multas aplicadas aos infratores foram acima de R$ 11 milhões — valor 84% maior que em 2019.

Maior índice de desmatamento no Sudoeste

De acordo com a chefe regional do IAT, Flávia Ostapiv, Palmas, Coronel Domingos Soares e Clevelândia [que não consta na operação do MPPR] são os municípios que mais desmatam no Sudoeste. "Justamente por serem locais com maiores remanescentes de mata nativa, bem como apresentarem maior atividade madeireira", explicou.

Conforme Flávia, além do desmatamento, situações de poluição, esgoto irregular, aterramento de nascentes e banhados e caça e pesca ilegal são bastante comuns na região.

Como denunciar

Ao verificar situações ilegais que aferem o meio ambiente, a chefe do IAT orienta que as denúncias podem ser feitas tanto pelo número (46) 3225-3837, quanto pelo e-mail [email protected] ou por meio do site da Ouvidoria.