A Coordenadoria das Associações Comerciais e Empresariais do Sudoeste do Paraná (Cacispar), as associações empresariais afiliadas e o Sebrae/PR realizaram a segunda rodada de pesquisa para compreender os impactos econômicos causados na região, em decorrência do isolamento social por conta da pandemia da Covid-19. Ao todo, foram coletadas 937 respostas, distribuídas por 32 municípios sudoestinos, no período de 11 a 21 de agosto. Dos questionários, 13% foram respondidos por microempreendedores individuais (MEIs); 49%, microempresas; 29%, empresas de pequeno porte; 5%, empresas de médio porte; e 4%, empresas de grande porte.
Quanto ao setor, 59% das empresas atuam no comércio; 27%, na prestação de serviços; indústria, 8%. Além disso, 77% das empresas têm mais que cinco anos de mercado e 71% das empresas pesquisadas têm entre um e dez colaboradores.
A pesquisa revelou que 28% das empresas reduziram o quadro de colaboradores entre março e agosto deste ano. Além disso, 19% dos empresários preveem demissões nos próximos três meses se o atual cenário continuar.
O presidente da Cacispar, Carlos Manfroi, observa que o resultado desta segunda edição da pesquisa mostra que o cenário atual não confirmou as expectativas da primeira rodada, feita em abril, quanto a demissões, por exemplo.
"A pesquisa anterior pintava um cenário bem pior. Em abril, 63% responderam que tinham a previsão de demitir. Daquele contexto, 28% efetivamente reduziram o quadro de colaboradores (entre março e agosto de 2020) e 19% preveem demissões nos próximos três meses, se o atual cenário continuar. Analisando os últimos 90 dias e as previsões, as demissões serão em menor número do que se temia, causando impacto menor na economia da região", analisa Manfroi.
Manfroi enfatiza que os resultados não são positivos, mas que demonstram que alguns setores conseguiram ter continuidade, apesar da pandemia.
"A economia continuou girando. Não na proporção que se esperava, mas não parou, dando a condição de que muitos empregos fossem preservados. Segmentos relacionados a eventos e turismo sentiram muito, mas alguns outros setores até encontraram alternativas e tiveram que contratar", resume o presidente da Cacispar.
O gerente da Regional Sul do Sebrae/PR, Cesar Giovani Colini, aponta que a pesquisa foi importante para abrir canal de comunicação com os empresários do sudoeste do Paraná.
"Estamos há seis meses afastados do nosso modelo tradicional de negócios. Era importante ouvir os empreendedores. As duas rodadas da pesquisa aconteceram em momentos distintos. Agora, temos um cenário com base nas respostas dos empresários e podemos trabalhar de forma organizada, estruturada, em condições de buscar alternativas para movimentar os setores mais impactados."
Cesar Colini analisa que a economia regional está se recuperando, aos poucos, em um momento de recessão mundial. No dia 1º de setembro, O IBGE divulgou que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou um tombo histórico de 9,7% no segundo trimestre, na comparação com os três primeiros meses do ano. O País aparece na 22ª posição do ranking internacional de desempenho da atividade econômica, elaborado pela Austin Rating, agência de classificação de risco. Na lista com 48 países, apenas a China e a Índia tiveram índices positivos.
"O Sebrae elaborou um plano para retomada do crescimento econômico, disponível para todos os municípios da região. Somos parceiros em todos as ações que possam fortalecer os pequenos negócios", frisa Cesar. O município de Mangueirinha já firmou parceria com o Sebrae/PR para implantação.
O gerente regional do Sebrae/PR destaca ainda outros pontos da pesquisa. "Foi possível verificar algum otimismo por parte do empresariado. A maioria não buscou crédito nem aderiu a programas governamentais, em uma demonstração da confiança e saúde financeira de boa parte dos negócios no Sudoeste."
Números da pesquisa
- 91% dos respondentes incluem MEIs e micro e pequenas empresas.
- 77% das empresas têm mais de cinco anos de mercado.
- 71% das empresas têm entre um e dez funcionários.
- 54% das empresas tiveram redução no faturamento nos últimos três meses (em comparação ao mesmo período de 2019).
- 28% das empresas reduziram o quadro de colaboradores (entre março e agosto de 2020); 63% tinham previsão de demitir, em abril.
- 19% preveem demissões nos próximos três meses, se o atual cenário continuar.
- 83% das empresas possuem risco baixo ou inexistente de fechar; no cenário de abril, 50% das empresas apresentavam risco de moderado a alto de encerrar os negócios.
- 39% das empresas precisaram tomar crédito nos últimos três meses
- 34% das empresas deverão buscar financiamento nos próximos 90 dias; na pesquisa passada, 62% informaram que teriam que pegar empréstimos.
- 27% das empresas informaram inadimplência superior a 11%, 41% das empresas com inadimplência até 10%.
- 28% das empresas utilizaram programas governamentais, como Pronampe, Fomento Paraná e MP do Emprego, entre outros.
- 62% das empresas perceberam mais de quatro novas oportunidades no período da pandemia.