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Coronel Vivida

Passei a viver em um mundo cinza, tendo que escolher qual parto fazer para retirar meu filho sem vida

Para saber mais sobre o projeto, acesse o link no final do depoimento


Crédito: Rayza Brito

Ediane Moreira tem uma história de superação nada romântica. Ela é um exemplo de resiliência.

Transformar a sua história em algo que auxilia outras pessoas é o gesto mais puro e humilde que alguém pode ter.

E a Edi faz isso. Apoia mulheres, as quais passaram pela mesma situação que ela, a buscarem uma resposta e não acatarem o diagnóstico de fatalidade.

"Olá! Sou Ediane, mãe da Maitê [de 8 anos] e de mais dois anjinhos: um deles, que se foi com 3 meses de gestação [há 6 anos]; e o Matteo, que se foi com 7 meses de gestação [há 1 ano].

Maitê nasceu em 2013. Após o seu nascimento, os médicos me diagnosticaram com infertilidade, afirmando que, dificilmente, eu teria uma nova gestação.

Após um ano e meio desse diagnóstico, me vi novamente grávida, em um misto de alegria e medo. No entanto, queria muito aquele bebê; o desejei, o amei e sonhei desde o começo. Porém, aos 2 meses de gestação, tive um aborto retido.

Passei a pior experiência médica da minha vida. Fui negligenciada e maltratada, descrevendo o motivo da perca como "apenas uma fatalidade".

Após cinco anos, durante os quais me cuidei me entregando à prática de inúmeras terapias, senti-me pronta para gestar novamente. Em 2019, iniciei as tentativas e, em outubro, consegui o tão sonhado positivo! "Estou vivendo um sonho, está vindo meu príncipe, meu pequeno Matteo", dizia eu com grande alegria.

Porém, em abril de 2020, assim como a vida de todos, a minha também parou. Estávamos em pandemia, passando dias incontáveis presa dentro de casa. Mas tudo até ali tinha ocorrido bem: os exames estão ok, minha saúde está boa.

Eu não imaginava que dias tão difíceis estavam por vir, tendo início no dia 8 de abril, dia do ultrassom de rotina, dia de ver meu filho; e, mais uma vez, a frase aterradora: "Não há mais batimentos cardíacos".

Naquele momento senti minha alma partir de mim; meu corpo foi sendo moído, virou cacos. Tudo se tornou escuridão e, em meio ao desespero, eu me questionava sobre muitas coisas.

Descobri o quão frio e solitário é o fundo do poço. Passei a viver em um mundo cinza, tendo que escolher qual parto fazer para retirar meu filho sem vida. Encarar semanas de recuperação de uma cesariana, sem bebê.

No meio disso tudo, me vi em um universo, do qual já havia ouvido falar, mas não conhecia: a "Trombofilia".

Um ano de consultas; exames; diagnósticos; aprender sobre protocolos e medicações; mais exames; remédios; choros; insensibilidade; fases do luto; e de aprender que não havia sido apenas mais uma perca.

Foram inúmeros os momentos de aprendizados, e muita busca por maturidade neste um ano e meio de perda gestacional. Aprendi que uma mãe de anjo vive um luto solitário. As pessoas julgam, são insensíveis em suas falas; os amigos se distanciam e você oscila entre fases de luto.

Perdemos a fé, nos culpamos [e como nos culpamos]... revisando várias e várias vezes todos os momentos que antecederam na tentativa de encontrar o erro.

Porém, em meio à neblina das dúvidas e do sofrimento, como se Deus começasse a sinalizar um caminho para fora daquele poço, encontrava pequenos diamantes de sabedoria, manifestados por pessoas iluminadas.

Um desses, do qual lembro-me diariamente, são as palavras de um bom e oportuno médico dizendo: "Edi, não se culpe! Você foi a melhor mãe que pode ser naquele momento!".

Hoje, tenho a consciência de que nada poderia mudar o curso naquele momento. Contudo, de agora em diante, com o aprendizado e o lugar de maturidade onde cheguei, posso tornar diferente o destino dos meus dias futuros.

Tenho o rico privilégio de contar com uma rede de apoio pelo WhatsApp, a qual dotou-me de conhecimento sobre o tema "Trombofilia", e o quanto esta não deve ser subestimada; conhecimentos estes que me elucidaram dos sinais que foram desconsiderados no meu pré-natal, e de que em nosso país somos tratadas a partir de um protocolo de obstetrícia pobre e omisso, no qual essa condição [a Trombofilia] é quase que, totalmente, negligenciada. A este digo, segura de minhas palavras, de que protocolos não curam pessoas.

Eu vejo a necessidade de falar a todo o momento, para que o máximo de mulheres recebam informação e tenham a chance de não viver a mesma experiência a qual me vi obrigada a enfrentar.

Algumas mamães, que estão passando por isso, agora me procuram. Eu as ajudo e aconselho o máximo que posso; da mesma forma que recebi [nos meus momentos de lágrimas] a ajuda de outras mulheres, que decidiram ajudar, transformando o sofrimento em alento e luz para aquelas que choram por suas percas.

A "Trombofilia" ainda é tratada com descaso por muitos médicos. Vejo, a todo momento, entrarem mamães em nosso grupo do WhatsApp, com as mesmas mutações que as minhas; e que ouviram também de seus médicos a mesma frase: "Foi só uma fatalidade".

Digo que é exaustivo ficar batendo na mesma tecla. Mas, cada vez que uma mãe vem me agradecer [porque foi atrás, fez os exames e conseguiu fechar o diagnóstico], me faz ver que vale a pena.

É desumano uma mãe ter que enterrar o seu filho. E, cada vez que acontece, a gente revive tudo. Essa é hoje a minha luta: viver um dia de cada vez, mostrar que a "Trombofilia" não pode ser subestimada, e que, se naquela época eu tivesse o conhecimento que tenho agora, talvez o final tivesse sido outro."

Para saber mais sobre o projeto, acesse o link abaixo:

https://portalvividense.com/noticia/7832/historias-reais-de-mulheres-serao-contadas-no-projeto-entre-nos-em-coronel-vivida.html

Crédito: Rayza Brito

Crédito: Rayza Brito

Crédito: Rayza Brito

Crédito: Paloma Stedile/Portal Vividense

Crédito: Paloma Stedile/Portal Vividense

Crédito: Paloma Stedile/Portal Vividense

Juliana Paola Bernardo

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