Em reunião extraordinária do comitê de enfrentamento a covid-19 — ocorrida na manhã desta quinta-feira (18), no Largo da Liberdade, em Pato Branco — foi apresentada que a situação no município está crítica.
Tanto que, de acordo com a secretária de Saúde, Lilian Cristina Brandalise, caso continue nessa crescente no número de casos confirmados até no domingo (21), o fechamento do comércio será inevitável.
"Não podemos titubear com relação ao que falamos tanto, que é a questão da obrigação que temos de salvar vidas", disse em entrevista ao repórter Regis Teles, da rádio Itapuã.
Ela acrescentou que "as medidas, que tomamos em relação ao decreto, estão sendo cumpridas. Vamos avaliar caso a caso, para que seja tomada a decisão mais correta possível".
A secretária ainda observa que todos estão cansados de ouvir falar sobre a pandemia. "Mas não adianta, o vírus está aí, não foi embora e vai demorar para ir embora. Está atingindo, cada vez mais, pessoas próximas e de todas as idades".
Lilian reforça para que a população escute as recomendações e não se aglomere.
"As pessoas continuam se aglomerando, nas suas casas principalmente. Temos recebido muitas denúncias. A Polícia Militar, inclusive, tem nos ajudado nessa fiscalização. Ninguém quer entrar na casa das pessoas e coibir a convivência. Se você estiver com duas, três pessoas, tudo bem. Mas 15, 20, 30 não dá. É aí que o vírus se propaga, que a contaminação ocorre e é aí que a nossa UPA está cheia e os nossos leitos também".
Ela ressalta que o Município não quer fechar o comércio, "mas, se os números crescerem mais do que cresceram até agora, vamos ter que tomar uma atitude. Por isso, espero que a população entenda a situação, que não é só Pato Branco, mas todo o Estado está sem leitos, em todas as regiões".
Casos
O médico Felipe Balem, que trabalha na linha de frente na Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24h), também se manifestou durante a reunião.
Em entrevista, ele comentou que era prevista, na última semana, situação caótica, devido ao elevado número de casos de notificações que há no município.
"Sabíamos que o pior ainda estava por vir. E, desde a última segunda-feira (15), realmente se concretizou o que prevíamos. Número muito grande de internações, de 15 a 20 por dia. Em três dias praticamente acabamos com os leitos da região inteira. Ontem já não tinha leitos em Pato Branco. Mandamos quase todos os pacientes para fora, Chopinzinho e Palmas. Cheguei a ficar com nove pacientes internados na UPA. Tudo o que eu tinha de sala, de eletro, de nebulização, o que eu podia fazer um leito, virou leito. Completamente lotado".
Quanto ao número de confirmados, em relação ao de suspeitos, girava entre 15 e 20%. Nos últimos dias, conforme o médico, tem passado de 50% todos os dias.
Ele destaca que o número de atendimentos primários também não está caindo. "Ontem (17), por exemplo, tivemos mais de 220 atendimentos. Nosso recorde anterior era 170. Se continuar assim, estamos apenas uma semana atrás de Chapecó (SC)", disse, acrescentando que a situação também já está refletindo na falta de medicamentos.
Assim como a secretária de Saúde, Balem afirma que não se sabe mais o que falar. "Parece que as pessoas não querem acreditar. Começam a ouvir, trocam de canal, desligam, acham que é brincadeira. Muitas só caem na real quando algum familiar está nessa situação, implorando por um leito, para que consiga sobreviver. Espero que consigam se atentar antes disso acontecer. Para que não chegue nessa situação, porque é muito triste ver as famílias chorando na porta".
Redação/Portal Vividense