DITADURA DA FELICIDADE

Crédito: Arquivo pessoal

Crédito: Arquivo pessoal

Muito se fala nas redes sociais da força do pensamento, que é possível ser feliz agora. E a famosa frase, que se tornou hábito entre o mundo capitalista: "Trabalhe enquanto outros dormem, não perca tempo!".

O filósofo Byung-Chul Han muito descreve sobre a sociedade do cansaço. A promessa do sucesso, de atrair pensamentos positivos e conseguir o salário dos sonhos está fazendo com que muitas pessoas se tornem doentes, depressivas, ansiosas, transtornadas, com falta de sono, preocupadas, além de passar a terem doenças autoimunes.

Esse excesso de positividade faz a ideia individualista de que, com vontade e foco, nada é impossível para o indivíduo. É como se ele fosse capaz de tudo, como se fosse possível a partir do esforço ignorando muitos fatores de poder maior, econômicos, políticos, sociais. E se você não conseguir é porque não se dedicou verdadeiramente e é, mais uma vez, julgado.

Há uma exploração do sujeito do desempenho, que traz a ilusão de liberdade. Porque esse "eu posso", "nós podemos" só se cria a sensação de liberdade no princípio, pois, à medida que o tempo passa, nós nos autoexploramos voluntaria e apaixonadamente até entrarmos em colapso. Nosso corpo fala, aí começam as consequências do esgotamento físico e mental.

Bauman respalda que o século 20 foi uma passagem de toda uma era da sociedade de produção, para a sociedade de consumo. Domesticando uma sociedade, que rebaixa, ordena. Que passa horas em redes sociais, mentindo para si sua vida facetada na aparência que seja lindo, que esteja bem, tirando fotos e mais fotos para selecionar a melhor, e ainda passar o filtro para se tornar apresentável, já que esta sociedade não aceita imperfeição. Uma vida de ilusão, inserido na mentira de que todos têm direito e são livres.

Ter pensamento positivo, ser positivo, estar determinado e cegamente ao eu posso, está levando ao fanatismo a ditadura da felicidade, em que se é obrigado a estar sorrindo o tempo todo. É como se pudéssemos comprar ela, acoplada em necessidades materiais, viagens, eletrônicos, redes sociais, workshops. É notório e sábio perceber o desnível social, a falta de oportunidades às classes diminuídas e miseráveis.

O momento em que vivemos é delicado; vivemos o caos em meio à pandemia, a tristeza de prejuízos emocionais incalculáveis. A estes indivíduos não basta só a felicidade do "ter", eles precisam de partículas repartidas da felicidades de todos. Uma questão de humanidade.

Já Aristóteles afirmava que tudo tende para o bem e a felicidade é a finalidade da vida humana; é a prática de uma vida virtuosa. É a soma de todo o cotidiano, do contexto, da história, a sequência de hábitos.

Não conseguimos estar bem o tempo todo. Os acontecimentos nos fazem mudar de ideias; de sentimentos; de opiniões; mas, acima de tudo, ter o equilíbrio de trabalho, de família, de amigos e festas. Procure olhar dentro de si, a felicidade tem que ser natural, te fazer sorrir verdadeiramente.

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*Jenneffer Kelly Nichelle é de Coronel Vivida. Formada em Filosofia, Pedagogia e História. Tem especialização em Metodologia do Ensino de História e Religião. Acadêmica de Biomedicina. Siga sua página no Instagram: https://www.instagram.com/motivando_filosofia/.